There are no facts, only interpretations.
Para tratar de questões de comunicação, sempre me
remeto a uma das cenas inesquecíveis do cotidiano corporativo que serve como um case.
A cena se passa em uma empresa de médio porte.
Recentemente empossada em uma posição de liderança, as atividades deixaram de
se restringir as responsabilidades clássicas de Recursos Humanos para constituírem-se adicionalmente no gerenciamento das atividades de Segurança Patrimonial, Serviços Gerais, Restaurante,
Serviço médico e Segurança do trabalho.
Incorporada às novas responsabilidades, as reuniões
com a equipe foram uma das primeiras ações implementadas, buscando
alinhar expectativas, interesses, etc. Éramos uma equipe
heterogênea, até mesmo em função da diversidade de áreas envolvidas.
Após apresentações gerais, foi a vez das reuniões com
equipes específicas. E assim aconteceu com
as enfermeiras dos dois turnos do setor médico em horário
próximo à troca de turno, justamente para que estivessem as duas juntas. Era uma sexta feira. A conversa fluiu bem,
mesmo tendo observado que uma das enfermeiras tinha uma atitude mais tímida. Procurei deixar claro que as portas continuavam abertas e o
fato de ocupar uma posição de liderança não significava distanciamento. Lembro de utilizar a mensagem:
- Se a porta estiver
fechada não significa que esteja fechada para falarmos, pode ser uma ocupação
momentânea, falei
- Tudo entendido? Perguntei
- Tudo certo – responderam.
O sinal da fábrica tocou ,marcando o final do
primeiro turno e início do segundo. Liberadas, seguimos nosso destino.
Na segunda feira seguinte, logo cedo, uma das enfermeiras aguarda na porta da sala com o semblante muito fechado.
- Estou te esperando porque quero pedir demissão, fala, antes mesmo de chegarmos à sala. Já sentada, continua que também veio pra dizer que não era uma pessoal mal educada. Quando agi com falta de educação pra você me dizer que precisava bater na porta quando quisesse entrar, dizia. Nunca entrei na sua sala dessa forma. Eu posso ser pobre, mas fui muito bem educada, continuava. Até chorei nesse fim de semana e conversei muito com meu pai e ele me aconselhou a sair mesmo... E depois, eu vi que você ficou de deboche com a outra enfermeira ,ela falava e a senhora ria, mandando indireta pra mim. Meu pai mesmo disse que quando começa assim não vai dar certo.
Não havida agressividade em suas palavras e em
sua interpretação dos fatos, era simplesmente a sua forma de ver. O que
demonstrava eram emotividade e sofrimento represado durante todo final de
semana. E parecia ficar pior toda vez que eu tentava explicar, observei.
A cena com a enfermeira termina aqui. Não houve
volta. Ela saiu da empresa, fiel ao seu sentimento e valores.
E eu tive que assimilar. E transmutar. E providenciar rapidamente uma substituta, o que
não foi nada fácil.
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